segunda-feira, 30 de abril de 2018

Vale a pena ter um iPad no set?

      Novidades tecnológicas para os músicos surgem todos os dias, mas o que é simples modismo e o que veio pra ficar? No que vale a pena investir e o que realmente fará diferença na qualidade e facilidade de nosso trabalho musical?


      Computadores Apple são referência de bom trabalho para músicos, profissionais gráficos, arquitetos e outros, já há algum tempo. O que um engenho da maçãzinha faz com um processador duocore e 1 Ghz, outros engenhos não fazem com o dobro, triplo dessas características. Mas isso tem um custo, alto, e muitos nunca tiveram um computador Apple por conta disso. Com a música móvel, termo que se usa para produção musical com tabletes e celulares, ocorre o mesmo. Até o momento, mesmo com dispositivos Android caros, aplicativos musicais não rodam bem, a tal da latência torna o uso ao vivo de engenhos de sintetizadores nesses aparelhos impossível. Latência o tempo, medido em microsegundos, entre você acionar a tecla de um teclado MIDI ligado a um celular ou tablete e o soar do timbre do instrumento dos aplicativos musicais instalados nesses dispositivos. Só recentemente essa latência, esse delay, esse atraso, tem se tornado viável em aparelhos não Apple. Vale a pena ter um iPad no set? Pra responder essa pergunta vamos analisar alguns pontos.

Custo

      Atualmente um iPad não custa tão caro, não em relação a computadores da Apple. Abro parênteses para fazer uma definição: vou usar o termo iPad quando referindo a tabletes da Apple, para tabletes de outras marcas, usarei simplesmente o termo tablete, fecho parênteses. A Apple mantém em linha modelos de iPad que não o último lançado por algum tempo. Assim, pode-se encontrar modelos anteriores ao iPad Pro, o último lançamento, como o iPad Air 2 e outros, por menos de dois mil reais. Esse valor é alto? Até pode ser para quem usa um iPad só para lazer, mas para músicos, não é. Devemos fazer a seguinte pergunta: que aplicativos musicais eu posso ter num iPad? Depois compare o preço desses aplicativos e o preço de equipamentos em hardware que dão o mesmo benefício. Vou dar alguns exemplos:

- SampleTank (IK Multimedia) – instrumentos variados: R$ 64,90
- Galileo Organ (Yonac) – simulador de órgão tonewheel: R$ 32,90
- Poison-202 (JimAudio) – simulador de sintetizador analógico: R$ 32,90
- MusicStudio – sequenciador, gravador e instrumentos: R$ 49,90


      O custo acima é dos pacotes básicos de cada musical app, o preço também pode diminuir em promoções ocasionais que a iTunes faz. Eu comprei três pacotes básicos da IK Multimedia, o TotalKeys Bundle, com o iGrand Piano, o iLectric Piano e o SampleTank por R$ 77,90, separados sairiam mais caros.
      A seleção de aplicativos que fiz acima não foi ao acaso, separei alguns musical apps que considero básicos e suficientes para se ter um bom setup de instrumentos móveis. Somando tudo dá R$ 180,60. Pergunto: com esse valor você teria um instrumento em hardware com todos os recursos dos aplicativos acima? Sim, mas os instrumentos em hardware têm teclados. Então, nesse momento vou para o segundo ponto importante desse assunto: teclados, pads e outros dispositivos, controladores MIDI.


A separação mais acentuada entre software e hardware: eis a tendência

      Não, não é só um celular grande, um iPad é bem mais que isso. É um engenho portátil que gera sintetizadores, pianos, órgãos, outros instrumentos, estúdios de gravação, etc, com qualidade e agilidade. Com uma vantagem: atualização possível e constante dos engenhos, um aplicativo musical não fica velho. Mesmo que você troque de iPad, o aplicativo fica disponibilizado na iCloud, a conta da Apple, para você restaurar em outros dispositivos, desde que a versão do iOS da última versão do aplicativo sejam compatíveis.
Não, você não ficará restrito quanto à interação do software a uma tela de vidro, o que num iPad já é bem confortável, já que possui uma tela grande. O controlador MIDI que você quiser usar pode ser programado para interagir com os recursos e ajustes do musical app, a função “learn”, presente em muitos aplicativos, permite com dois toques, um no iPad e outro num botão, slider ou outro controle do teclado ou pad MIDI, casar software com hardware.


      O que mais quebra e dá manutenção num teclado musical, o software ou o hardware? Bem, com um musical app num iPad, já vimos que os engenhos podem ser atualizados, mas se seu controlador MIDI não tiver mais conserto, você pode trocá-lo, sem alterar sua biblioteca de timbres, ela está no iPad, não no teclado. Outra vantagem é que você pode ter o hardware que pode pagar, pode começar com um teclado de cinco oitavas, com teclas de sintetizador. Mas quando tiver condições, pode adquirir um teclado de oitenta e oito teclas pesadas de piano, repetindo, sem mexer em sua biblioteca de timbres.
      O ideal é ter teclados controladores MIDI dedicados, um pra sintetizador, com muitos controles para ajustar ADSR, filtros, LFOs, etc, um waterfall para órgãos e um teclas pesadas para pianos acústicos. Que timbres tocar com tudo isso? Um iPad basta com os aplicativos corretos, faça as contas, fica mais baratos. Não, isso não é modismo, é tendência que veio pra ficar, e já está aí há algum tempo, só não tínhamos por conta do custo. Mas hoje já temos iPads usados, como o modelo iPad 2, por menos de mil reais, que executam muito bem a maioria dos musical apps disponíveis.
      O limite de iPad mais antigo com relação a aplicativos musicais, na maior parte das vezes tem ver com o números de apps, ou de timbres, que podem ser usados ao mesmo tempo. Multitimbralidade menor, se tem em iPad mais antigos, quando usando o engenho ao vivo, mas ainda assim, dá pra se fazer as combinações básicas que nós tecladistas precisamos, sem dificuldades.


Vale a pena ter um ipad no set!

      Se antes podíamos trocar de teclado uma vez por ano, na melhor das hipóteses para um músico brasileiro tão explorado nesse país em crise para a maioria, um musical app de USD 9,99 te dá a chance de ter novos engenhos com muito mais assiduidade. Aliás, é preciso até tomar cuidado para não comprar aplicativos que depois acabamos não usando tanto, por isso, busque informações antes de comprar. São baratos, mas de dez em dez dólares pode-se gastar mais do que deveríamos. 

      Os preços listados foram coletados do iTunes quando a matéria foi escrita. Atualmente eles podem estar diferentes, é aconselhável acompanhar os apps, de tempos em tempos promoções interessantes são feitas. Matéria publicada originalmente na edição de setembro de 2017 da Revista Teclas & Afins, algumas alterações foram feitas para atualizar informações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário