Que o combo, aplicativos musicais mais iPad ou iPhone mais um controlador MIDI, é muito mais barato (e com igual qualidade de sons e recursos) que teclados em hardware, isso todo mundo já sabe, mas tem também algo muito bom no “mobile music world”: o fácil acesso aos desenvolvedores de softwares para tabletes e celulares. Tenho entrado em contato com muitos desenvolvedores de aplicativos musicais, do mundo todo, e a grande, grande maioria é acessível, fácil de achar e fácil de conversar. Eu não teria condições de comprar todos os aplicativos que testo, assim, mando os links de meus espaços, o grupo do Facebook, o blog, o canal do Youtube, e solicito promocodes. Em troca uso os engenhos, gravo meus vídeos, faço minhas análises, divulgo as vantagens de cada engenho e para qual público é mais adequado. Via de regra, não existe ferramenta ruim, só mal usada, se alguém a fez é porque sabia que ela seria útil para alguém.
As únicas portas fechadas a sete chaves são a de desenvolvedores ligados a marcas tradicionais de instrumentos em hardware, com esses não tem conversa. Teve um caso em que fiz contato com o representante da marca no exterior e ele me retornou solicitando que eu entrasse em contado com a importadora oficial brasileira, bem, sem chances, no Brasil mesmo marcas tradicionais que já estão comercializando aplicativos para iOS, em seus sites nacionais esses produtos nem são citados. Mas pequenos programadores (pequenos em lucro, não em competência, experiência e talento) que fazem bons engenhos, que sabem que não têm monopólio em suas áreas e que respeitam o músico consumidor individualmente, esses definem o perfil de negócios do presente e daqui para frente. Produtos de “butique”, quase que personalizados, vendidos com um contato direto entre fabricante e comprador, eis a nova realidade, e não entenda “butique” como algo caro, mas mais humanizado e artesanal.
O mundo que se apresenta é o de muitos vendendo para muitos, com um lucro razoável, produtos que agradam a maioria, e não o de pouquíssimos ganhando muito e vendendo para muitos que são obrigados a se adequarem com o que podem comprar. Isso tem vantagens para todos, quantos aplicativos pego e depois de achar algum bug, ou ver que se algo nele fosse um pouco diferente o faria mais eficiente, entro em contato com o desenvolvedor que prontamente lê o e-mail, responde, se compromete a fazer os acertos e os faz. O desenvolvedor tem retorno constante do seu produto, o músico tem uma ferramenta cada vez melhor. Não, o mundo não é mais aquele dos anos 1990 e início dos 2000, onde as marcas japonesas pareciam deusas do Olimpo, intocáveis e arrogantes, o mercado pulverizado nivelou todo mundo por igual. Contudo, o aparecimento de programadores geniais e independentes que não se vendem aos grandes, mas que fazem o que gostam para vender para quem quer comprar exatamente o seu produto, eis o grande diferencial.
O usuário também não é mais bobo, apesar de muitos das últimas gerações serem avessos a ler e estudar, viciados em “reviews” em vídeos, amantes do fácil e rápido, tem muito músico que conhece instrumentos musicais, sintetizadores, toca e opera softwares, sabe o que quer, tecnologia atualmente não é coisa de ficção científica, é eletrodoméstico. Ninguém hoje precisa pagar horrores para ter o melhor instrumento musical, não um eletrônico baseado em software, que invistamos valores maiores em instrumentos acústicos, num piano de cauda, não numa workatation caríssima que depois que saiu da loja vale bem menos e que tem uma manutenção complicada. Desenvolvedores de aplicativos musicais, muito obrigado, vocês são os caras, as marcas Y, K, N, K, C, R etc, terão que mudar porque vocês mudaram o mundo, desmistificaram a criação de ferramentas musicais. As lojas de luxo viraram feira livre, não basta ter o melhor doce de maçã enlatado, queremos maçã natural, nova e saborosa para comprar hoje, amanhã ela já estará estragada e outra terá que ser oferecida.
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Até quando as grandes marcas de teclados resistirão a musical apps para tabletes e celulares?
Penso que, nessa arrogância de não querer aceitar o novo, algumas marcas que tiveram nomes consolidados por seus sintetizadores em hardware, perdem a oportunidade, talvez única porque tudo é muito rápido no mundo atual, de se manterem como grandes e melhores no mercado de engenhos musicais. Perdem porque vejo músicos que, mesmo com as poucas opções que existem, ainda optam por certos aplicativos só por serem de uma marca mais antiga e famosa por seus teclados.
As marcas fazem isso porque acham que mobile music compete com seus enormes e superavaliados “frankensteins”? Bem, muitas marcas tornaram-se famosas justamente porque, há trinta anos atrás, ofereceram opções mais baratas de teclados digitais baseados em formas de ondas para os jurássicos teclados modulares analógicos ou para aqueles que ainda que fossem digitais eram mais computadores de universidades que ferramentas de música popular.
As coisas mudam, a tecnologia não para de nos surpreender, ao passo que tem muito almoxarifado de importadora abarrotado de equipamentos caros em caixas fechadas tomando pó, senão isso, fabricantes pedindo falência e mandando mão de obra embora. Felizmente, os desenvolvedores de aplicativos musicais estão trabalhando muito, acessíveis aos músicos atuais, ouvindo-os de perto, e fornecendo bons produtos a preços realistas.
Until when will major brands of keyboards resist musical apps for tablets and cell phones?
I think that, in this arrogance of not wanting to accept the new, some brands that have had names consolidated by their hardware synthesizers lose the opportunity, perhaps unique because everything is very fast in the world today, to remain as great and better in the market of musical instrument.
They lose because I see musicians who, even with the few options that exist, still opt for certain applications just because they are of an older brand and famous for their keyboards. Brands do this because they think mobile music competes with their huge, overrated "frankensteins"? Well, many brands have become famous just because, thirty years ago, they offered cheaper options of wave-based digital keyboards for the analogical analogue jurassic keyboards or for those who, even though they were digital, were more college computers than popular music.
Things change, technology does not stop surprising us, while it has a lot of imported warehouse packed with expensive equipment in closed boxes taking powder, if not that, manufacturers asking for bankruptcy and sending labor though. Fortunately, music application developers are working hard, accessible to today's musicians, listening to them closely, and delivering good products at realistic prices.
Zé Osório, 8 de maio de 2019
Músicos que usam iPad
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