Penso que usar musical apps em iPad não é só passar de VSTs e plugins de computador para um dispositivo menor e com tela touchscreen, a possibilidade de se fazer música em iPad entrega um conceito. Usarão com mais eficiência esse conceito os que o entenderem e assumirem suas vantagens (e desvantagens, porque, sim, musical app em iPad ainda tem desvantagens, ainda que por pouco tempo). Simplesmente adaptar um conceito anterior, do computador, a uma plataforma nova, não permite ao músico fazer o melhor com essa nova plataforma. É claro que para toda mudança há uma resistência, normal em nós seres humanos, principalmente nos que já tinham obtido alguma proeminência no antigo.
A ideia antiga de produção musical, principalmente no Brasil (onde tudo é sempre mais difícil), era de ser cara e restrita, o avesso do conceito “home studio” que o computador começou a entregar para os músicos. Nessa ideia engenheiros e técnicos de som eram bruxos poderosos, conhecedores de arcanos ocultos. Mas mesmo adaptados à ideia de home studio em computador, muitos trouxeram ainda o conceito dos estúdios antigos, e quando veem para o iPad querem fazer do mesmo jeito que faziam no computador. Aí alguns se decepcionam e retrocedem, não seguindo no caminho também natural da evolução tecnológica, ou então, teimando em continuarem tendo monopólio dos arcanos, não querem fazer algo que qualquer um pode fazer.
iPad não é o celular que ficou maior, mas o computador que ficou mais prático, para uso doméstico e mesmo profissional de música e outras áreas, o iPad vai substituir o desktop em curto prazo, e para tudo em prazo um pouco maior. A ideia no iPad é ter o cérebro num aparelho pequeno, que poderá ser conectado aos terminais adequados, todos eles. Para os músicos, os teclados, pads etc, para os desenhistas, arquitetos, engenheiros etc, as mesas digitalizadoras, canetas etc, para o uso doméstico, os eletrodomésticos, sistema de iluminação, refrigeração, segurança etc, e por aí vai, isso é um caminho sem volta.
Dessa forma a ideia, por exemplo, do aplicativo AUM, onde se desenha o DAW com o tamanho e as funcionalidades que se precisa para aquele trabalho, está mais no novo conceito que os complexos DAWs (ou as falecidas workstations em hardwares), onde todos os recursos possíveis para áudio, MIDI, sínteses, efeitos, masterização etc, estão disponíveis logo na abertura do engenho. A ideia é facilidade e adaptabilidade com democracia e para retorno rápido, não engenhos complicados que só podem ser usados por técnicos muito experientes e estudados, a ideia é abrir, não fechar. Isso prioriza a música, antes que a técnica, o talento, antes que o estudo, a criatividade, antes que os segredos e mazelas só conhecidos por alguns. Isso permite que todos expressem-se pela música rapidamente e sem intermediários, isso é o futuro? Não! É o presente.
José Osório de Souza
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